Acauã é tão pequena como a sua importância para os políticos e gestores do Piauí. Pequenos são, também, os sonhos de seus moradores, sejam residentes na cidade ou na zona rural. Sonham em ter o mínimo: água para beber, serviço para trabalhar e ter alguém importante que se importe com eles, seja prefeito, governador ou presidente. É pedir muito? Provavelmente, não.
Em uma região do semiárido piauiense, dependendo do município vizinho de Paulistana para ter água e serviços básicos como saúde e educação, o cenário de suas ruas parece tão seco como as parcas condições de desenvolvimento no município. A zona rural está cheia de barreiros pequenos e "barrentos". Localizada na Bacia do rio Canindé, Acauã sofre com a falta de água e de soluções. Os poços são tantos, e tão salgados, que não devem mais ser perfurados. O rio Canindé é violento no período de chuvas, mas depois quase não dá conta de seu curso.
Vi alguns esforços da municipalização para conseguir trazer mais obras para a cidade, mas vi, também, muitos recursos públicos desperdiçados pelas mãos de construtores descomprometidos com a qualidade e corrompidos pelo sistema, e senti uma sensação de impotência e desconhecimento angustiante na administração desse município, tão angustiante como me parece o som do pequeno falcão que emprestou seu nome ao município. O vídeo da TVNBR retrata bem esse clima de desolação.
Mais angústia senti visitando a pequena estação de tratamento de água na cidade. Ela recebe a água que vem da barragem de Paulistana: é "desesperador"!
A região tem lugares lindos, banhados pela luz do sol, presente na maior parte do ano, e que se encontra com o solo seco alaranjado e árido que produz pouco, ás vezes quase nada (caju, mandioca, feijão e milho), mas que dá ao cenário, emoldurado por um céu azul brilhante, um ar romântico, cinematográfico, que até enternece o coração.
